A primeira vez que nos encontramos foi em janeiro desse ano, quando fui tomar a terceira dose da vacina contra a Covid-19 na clínica da família Santa Marta, em Botafogo. Do outro lado da rua, na Praça Corumbá, vi o fumacê espiralando de seu braseiro, uma quantidade enorme de gente em pé, papeando um com o outro de braços cruzados, calçando chinelos, com a chave de casa girando num dos dedos da mão. Fiquei por algum tempo observando Ribamar trabalhar: numa dança rotineira, ativa e bem-humorada, ia conferindo os nomes apontados no caderno, enchendo as marmitas dos fregueses já conhecidos, a maioria moradores do Santa Marta e das redondezas, isto é, aqueles que conseguiram garantir uma vaga, postulada na véspera, na fila disputada do seu baião. Ribamar enchia cada quentinha do arroz e feijão misturados em puxadas ritmadas, descia um espeto de carne, frango e linguiça sobre cada uma delas, tampava, juntava farofa e vinagrete em doses individuais, chamava o dono em voz alta e entregava.
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